Um panorama geral do mercado de energia no Brasil

Um panorama geral do mercado de energia no Brasil

janeiro 15, 2017 Negócios 0

Pagamos mensalmente a conta de energia pelo que consumimos, mas nem sempre sabemos como funciona o mercado de energia vigente no país. Isto é muito importante para entendermos como podemos contribuir para melhorar o sistema energético do nosso país e consequentemente pagarmos uma conta mais reduzida.

O Brasil é um país privilegiado, possui o maior reservatório hídrico do mundo e consequentemente a energia mais barata, muito embora estas reservas estejam concentradas em determinados locais do país, conforme demonstrado no mapa abaixo.

Sugestão: O Brasil é privilegiado: possui a maior reserva hídrica do mundo e consequentemente, devido à exploração deste recurso, possui a matriz elétrica mais renovável. Gerar energia a partir de recursos naturais reduz o custo da produção, no entanto, encarece o custo da distribuição, devido à necessidade de gerar em locais muitas vezes longe do centro de carga (ver figura abaixo).

Fonte: Eixo Energia – PAC 2 – http://www.pac.gov.br/pub/up/pac/9/6-PAC_9_eixo_energia.pdf

A energia consumida atualmente por milhões de brasileiros é, em sua maior parte, hídrica, muito embora outras fontes, como a fóssil, biomassa, eólica, solar e nuclear também estejam disponíveis.

Fonte: BIG BANCO

O Governo realiza constantes investimentos em redes de distribuição, para que a energia gerada, possa chegar a todos os locais do país por meio do  Sistema Interligado Nacional (SIN). Essa interligação possibilita  que todas as empresas geradoras de energia  a disponibilizem no SIN, tornando-a acessível para godos os consumidores de energia.

Fonte: OPERADOR NACIONAL DOS SISTEMAS ELÉTRICOS – ONS. 2003.

Como funciona a conta que pagamos?

Na conta paga pelos usuários estão embutidos diversos custos: a energia, distribuição, e encargos entre outros.

A distribuidora fica apenas com o valor referente à ela. Os encargos são do governo e o valor da energia é repassado ao governo que a comprou em um leilão. Neste caso somos refém de um único fornecedor de energia, não podemos negociar preços, estamos sujeitos às bandeiras tarifarias e as decisões governamentais e consequentemente, não conseguimos ter previsibilidade de custos. Este modelo é conhecido como Mercado Cativo de Energia.

Na conta de qualquer consumidor estão embutidos os custos com a Energia consumida em si, Encargos, Distribuição, entre outros.

A Distribuidora, responsável por cobrar estes valores (para consumidores cativos), somente repassa a maioria destes custos, ela fica somente com as parcelas responsáveis por remunerá-la. Quando um consumidor muda de ambiente (cativo para livre), a distribuidora segue repassando estes custos, com exceção da Tarifa de Energia, que para de ser cobrada, pois o consumidor passou a buscar uma melhor oportunidade no Mercado Livre, comprando energia de acordo com sua estratégia adotada.

Muitas empresas têm buscado esta alternativa, pois ao migrar para o Mercado Livre de energia passam a desfrutar de vários benefícios como :

  • Promover concorrência de preços entre os fornecedores de energia;
  • Não estar sujeito as bandeiras tarifarias;
  • Não possuir oscilações tarifarias durante alguns horários do dia (horário de Ponta);
  • Maior proximidade na previsão de custos do insumo;

 

 Mas o que isso significa?

Significa que estas empresas podem fazer uma concorrência para a compra da energia que utilizam, podendo assim conseguirem melhores preços no mercado.

Atualmente  as empresas com uma demanda contratada acima de 500kW de energia podem negociar preços com múltiplos fornecedores (geradores/comercializadores) de energia, fugindo assim dos valores controlados pelo governo, das bandeiras tarifárias conseguindo ter previsibilidade de custos.

 

Como funciona?

As empresas que atingem os requisitos legais para ir ao Mercado Livre de energia, buscam uma empresa representante (ex Solver Energia) e esta empresa, solicitará uma cotação para as empresas geradoras de energia. Esta cotação normalmente é feita para um período  de 3 a 4 anos. Com as cotações em mãos, a empresa escolhe a que lhe trouxe a melhor proposta e firma um contrato, como se fosse uma compra futura de energia.

A partir de agora, a empresa irá comunicar o órgão regulador que irá se tornar um consumidor livre, migrando para o Mercado Livre de Energia. Esta migração demorará no mínimo 6 meses para ocorrer, pois os prazos contratuais firmados com a distribuidora estipulam um tempo de aviso de alteração de ambiente de no mínimo seis meses, anteriores a data de vencimento do contrato. Caso a empresa queira voltar do Mercado Livre para o Mercado Cativo, ela precisa comunicar o órgão regulador com 5 anos de antecedência. Isso mesmo, 5 anos. Basicamente é uma ida sem volta.

Durante este tempo de 6 meses, a empresa abre uma conta específica no banco Trianon, que cuida de toda e qualquer movimentação do Mercado Livre de Energia, irá adequar sua cabine de medição e adere à Câmara de Comercialização de Energia Elétrica para chegar ao Mercado Livre.

Não existe uma alteração física e a conta de distribuição, continuará com a empresa que já é responsável pela distribuição local.

Uma grande vantagem é que as empresas que possuem demanda contratada de 500 kW até 3.000 kW são considerados consumidores especiais e recebem 50% de desconto no valor do aluguel do Fio de distribuição, pois estão consumindo energia de fontes renováveis como a eólica, solar e de biomassa.

Existem muitos riscos no mercado e a gestão de energia da empresa tem que ser ativa, pois como nossa maior fonte de energia vem de recursos hídricos, significa que dependemos constantemente de chuvas regulares e de reservatórios cheios. Na época das chuvas normalmente os preços são melhores e na seca os valores aumentam. A compra é feita e documentada  em contrato.  Os valores desse contrato seguem a cotação negociada, com validade pelo período contratado.

O ideal é que as empresas contratem consultorias especializadas para fazer este serviço, pois o foco da empresa  é sempre o seu produto e não a compra e venda de energia.

Hoje existem diversas comercializadoras no mercado que  compram energia em leilões/balcões e revendem para os consumidores. Isso no entanto pode gerar  conflito de interesses pois essas empresas buscam os maiores lucros, não passando  o valor das geradoras para os clientes.

Há outas opções, como  consultorias que ganham um percentual pelo valor economizado da energia da empresa. Este é o melhor dos casos, pois a consultoria especializada irá sempre buscar o melhor custo-benefício aos seus clientes, gerando assim um vínculo de ganha-ganha.

 

Mas o que eu, consumidor físico, me beneficio com isto?

Neste caso, é  importante que você saiba que há uma  Lei tramitando no Governo Federal, para que empresas de menor porte/ consumo, possam também se beneficiar do Mercado Livre e que todo e qualquer cidadão, consumidor de energia também poderá se beneficiar do Mercado Livre em um futuro não muito distante.

Quer saber mais, entre em contato conosco que será um prazer ajudá-los.

 

Bibliografia

Eixo Energia PAC 2. Disponível em:  http://www.pac.gov.br/pub/up/pac/9/6-PAC_9_eixo_energia.pdf

 

OPERADOR NACIONAL DOS SISTEMAS ELÉTRICOS – ONS. 2003. Disponível em: 

www.ons.br/ons/sin/index.htm

 

 

Bruno Amiky Wurker.

Empresário nos ramos de energia, resíduos, infraestrutura, Educação e tecnologia. Buscando sempre atender os clientes com produtos e serviços que buscam minimizar os impactos ambientais e sociais, assim como também gerar receitas e valor aos negócios dos clientes. Em 2008 iniciou seus estudos e práticas de Kabbalah, que trouxeram uma nova forma de agir e pensar, ao qual agora busca em palestras, cursos e encontros, compartilhar um pouco do aprendizado.